Como a Boeing está estudando as trilhas de condensação de SAF

Enquanto um 737 MAX 10 voa com combustível sustentável de aviação em um dos motores, um DC-8 da Nasa segue de perto coletando imagens e dados das emissões

Um avião fabricado em 1969 está executando uma tarefa que pode ser fundamental para o futuro da aviação e do planeta. O DC-8 Airborne Science Laboratory, que pertence à Nasa, a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos, tem voado muito próximo de um novíssimo Boeing 737 MAX 10 para estudar as trilhas de condensação geradas pela combustão do SAF, o combustível sustentável de aviação.

O DC-8 da Nasa voa a cerca de 8 quilômetros atrás do Boeing ecoDemonstrator Explorer, uma aeronave destinada à United Airlines e que a fabricante norte-americana usa para estudos relacionados às novas tecnologias para descarbonizar o setor aéreo. O avião da Nasa, que é equipado com dezenas de sensores e câmeras, acompanha de perto os rastros deixados pelos motores do 737, um movido a SAF e outro a combustível tradicional de origem fóssil.

O líder técnico do programa Boeing ecoDemonstrator, Bill Griffin, explica que é possível transportar os dois combustíveis na aeronave, simultaneamente, sem qualquer mistura ou contaminação cruzada. “Depois, voamos através de condições atmosféricas muito semelhantes usando cada combustível para entender como as emissões e os rastros diferem de um combustível para outro sob as mesmas configurações do motor”, continua.

Em outubro deste ano, os dois aviões somaram muitas horas durante os 11 voos realizados nos céus dos Estados Unidos. Uma orquestra aérea que coletou milhares de dados que agora serão analisados por equipes da Boeing e de empresas parceiras nessa empreitada, como a própria United Airlines, a GE Aerospace e o Centro Aeroespacial Alemão (DLR).

O número de cristais de gelo nos rastros de SAF é reduzido e isso reduz o impacto climático dos rastros.”

Christiane Voigt, líder da equipe de investigação do DLR.

O objetivo é compreender como o SAF pode afetar as características das trilhas de condensação e como pode mitigar os efeitos do aquecimento das nuvens e, consequentemente, contribuir no combate às mudanças climáticas. Na comparação com o combustível fóssil, o SAF produz menos fuligem quando queimado e são as partículas de fuligem que formam cristais de gelo.

“Os rastros parecem ter uma contribuição para o impacto climático dos aviões e suas emissões”, explica o pesquisador técnico de emissões de Desenvolvimento de Produto da Boeing, Steve Baughcum. “A persistência dos rastros – quanto tempo duram – pode fazer a diferença, por isso estamos estudando como um combustor enxuto e combustíveis sustentáveis ​​mais limpos podem afetar as características dos rastros”, prossegue.

O combustível sustentável de aviação é a principal promessa no combate às trilhas de condensação, além dos seus benefícios significativos na qualidade do ar para as comunidades próximas aos aeroportos. Além disso, o ciclo de vida do SAF pode reduzir aproximadamente 85% das emissões de CO2 quando comparado ao combustível fóssil.

“Ao queimar combustível sustentável de aviação, podemos mostrar que as emissões de partículas são reduzidas, o número de cristais de gelo nos rastros é reduzido e isso reduz o impacto climático dos rastros”, garante a líder da equipe de investigação do DLR, Christiane Voigt.

Trilhas de condensação do Boeing ecoDemonstrator Explorer
Trilhas de condensação do Boeing ecoDemonstrator Explorer. Foto: Divulgação/Boeing
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