3º Congresso RBQAV termina destacando os desafios para o SAF no Brasil

Debates mostraram a importância das pesquisas e das regulações para tornar os combustíveis sustentáveis de aviação uma realidade no país

No último dia do 3º Congresso da Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Sustentáveis para Aviação (RBQAV), que foi realizado em Foz do Iguaçu, no Paraná, os principais temas que permearam os debates foram os desafios de inovação e de viabilidade de projetos relacionados aos combustíveis sustentáveis de aviação (SAF). Além disso, foram debatidos o andamento das regulações específicas para o setor e a importância de tornar o SAF mais acessível e com preços próximos ao do combustível fóssil.

Na primeira mesa redonda do dia, os temas principais foram as rotas tecnológicas e as aplicações industriais. O diretor da Axens na América Latina, Rodrigo Teixeira, abriu o painel destacando a importância da tecnologia para a obtenção do SAF. O pesquisador do ISI Biomassa, Hélio Assis, apontou os desafios para transformar a inovação em produto comercial. Já o pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Edvaldo Morais, falou sobre a contribuição das tecnologias para as matérias-primas para SAF. A professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e pesquisadora do NUPPRAR, Lívia Nunes, complementou falando sobre os novos processos para a obtenção de hidrocarbonetos renováveis.

Na sequência, o tema foram os combustíveis marítimos e como eles têm evoluído, muito em associação ao SAF. O assessor da Comissão Coordenadora para os Assuntos da Organização Marítima Internacional (IMO) da Marinha do Brasil, Flavio Mathuiy, destacou a importância de novos padrões de combustíveis marítimos. A professora da UFRN e coordenadora da RBQAV, Amanda Gondim, disse que as pesquisas são fundamentais para buscar as melhores soluções para combustíveis marítimos. O engenheiro de processamento da Petrobras, Antonio Prada, comentou que há preconceito com combustíveis produzidos no Brasil e que isso precisa ser minimizado.

No último painel da manhã, os painelistas falaram sobre inovações na produção de SAF, com destaque para e-fuels e hidrogênio verde. A pesquisadora do ISI-ER, Fabíola Carvalho, falou sobre os desafios de levar a produção de SAF para uma escala industrial. A gerente de projetos do CIBiogás, Aline Scarpetta, explicou como foi a instalação da planta piloto de bio-syncrude a partir do biogás recém-inaugurada em Itaipu Binacional. O professor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), Christian Coronado, destacou a questão da inflamabilidade dos combustíveis sustentáveis de aviação. Já o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Christian Gonçalves Alonso, se aprofundou na tecnologia de Fischer-Tropsch para a produção de syncrude.

No início da tarde, a principal questão foi a precificação do SAF para o setor aéreo. A gerente de sustentabilidade da Latam, Ligia Sato, comentou que é necessária uma regulação mais clara e direta para que o preço das passagens não cresça por causa do SAF. O gerente de sustentabilidade da Azul, Filipe Alvarez, destacou que o SAF é fundamental para a aviação zerar as emissões até 2050. Já a editora de Biocombustíveis na S&P Global Commodity Insights, Priscila Pinheiro, explicou sobre as metodologias de composição de preços de SAF.

No painel de encerramento do 3º Congresso da RBQAV, o tema foi a construção de políticas públicas para SAF. O diretor do Departamento de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Marlon Arraes, destacou as atribuições e competências futuras na regulação do combustível sustentável de aviação no Brasil. O diretor técnico da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Daniel Maia, afirmou que os entes públicos precisam atuar uniformemente para buscar as melhores soluções para o impulsionamento do SAF no país. O assessor Internacional e de Meio Ambiente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Darlan Santos, falou sobre a construção do programa Conexão SAF. E finalizando, o gerente de projetos da Casa Civil, Euler Lage, apresentou as ações do governo para a transição energética, incluindo biocombustíveis.

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