Acelen Renováveis e Embrapa iniciam domesticação da macaúba para SAF

Investimento de R$ 13,7 milhões da Embrapii e do BNDES visa o melhor aproveitamento dos frutos da palmeira para a produção de combustível sustentável de aviação

A Acelen Renováveis e a Embrapa Agroenergia assinaram dois acordos de cooperação técnica para o desenvolvimento tecnológico das espécies de palmeira macaúba para a produção de combustível sustentável de aviação (SAF), diesel verde (HVO), energia térmica e outros coprodutos de alto valor agregado.

O projeto com duração de cinco anos soma investimentos de R$ 13,7 milhões, com apoio financeiro da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e envolvem o aporte científico de outros quatro centros de pesquisa: Embrapas Algodão, Florestas, Meio Norte e Recursos Genéticos e Biotecnologia.

A parceria de inovação aberta visa contribuir para a domesticação da macaúba e a decorrente implantação de lavouras comerciais e o melhor aproveitamento dos frutos — casca, polpa, endocarpo e amêndoa — via processos mais eficazes para extração de óleos de alta qualidade e geração de bioprodutos.

A escolha da macaúba, uma planta de alta densidade energética e grande capacidade de sequestrar carbono, atende a essa perspectiva. Estima-se que a cada ano 60 milhões de toneladas de CO2 sejam removidas da atmosfera e que se reduz em 80% as emissões do gás, além da recuperação de áreas degradadas.

A macaúba é uma palmeira nativa com grande capacidade de gerar óleo, o que é fundamental para o mercado de produção de biocombustíveis. Ela é capaz de fornecer até 5 toneladas de óleo por hectare, acima da soja e mesmo da palma de óleo.

“O país tem a oportunidade de se tornar produtor e fornecedor de combustível sustentável de aviação (SAF) e diesel verde (HVO) globalmente. Para isso são necessários investimentos em P&D tanto em matéria-prima (como o caso da macaúba), quanto em novos bioprocessos, além de modelagem”, analisa o chefe geral da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso.

Para a produção de SAF, é importante que a produção da macaúba seja a mais eficiente possível para que o investimento valha a pena. “O que observamos na natureza é que a planta possui um primórdio floral para cada folha que ela emite e, em média, lança 15 folhas por ano. Ao menos doze delas deveriam virar cachos de frutos a serem colhidos. Mas o normal é vermos palmeiras com apenas 3 ou 4 cachos. Temos que entender muito bem a fisiologia da macaúba, para destravar esses bloqueios e viabilizar a alta produção de frutos e, consequentemente, de óleo por hectare que o projeto requer”, aponta o diretor de Agronegócios da Acelen Renováveis, Victor Barra.

Segundo o diretor da Acelen Renováveis, o maior desafio será o processamento do fruto para a extração do óleo e aproveitamento total das demais biomassas, para que não haja geração de resíduos, mas sim agregação de valor. “A domesticação da macaúba não é um projeto de uma empresa, ou nem mesmo de um país, mas um projeto para o mundo”, acrescentou.

O braço de biocombustíveis da Acelen, que tem como principal investidor o grupo Mubadala Capital, anunciou que vai investir US$ 2,5 bilhões na construção de uma biorrefinaria anexa à refinaria de Mataripe, em São Francisco do Conde, na Bahia, para a produção de SAF e outros produtos.

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