Estudo da Embrapa poderá impulsionar produção de SAF a partir da macaúba

Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) aprovado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) poderá incentivar o cultivo da palmeira que é matéria-prima para combustível sustentável de aviação

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou uma portaria que aprova o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura da macaúba no Brasil. A palmeira, que pode ser matéria-prima para a produção de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), pode ter seu plantio incentivado a partir de agora, resultando em oportunidades para o setor de biocombustíveis.

O Zarc da macaúba, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa), ajuda a minimizar os riscos relacionados aos  fenômenos climáticos adversos e impulsiona a consolidação da cultura como cadeia de valor. Ele foi elaborado para três espécies de interesse econômico: Acrocomia aculeata (de ocorrência predominante no Brasil Central), Acrocomia totai (Noroeste do Paraná, Oeste de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Pantanal) e Acrocomia intumescens (algumas áreas do Nordeste). 

A macaúba é uma palmeira capaz de produzir 5 toneladas de óleo por hectare e é considerada uma oportunidade para o Brasil porque ela pode ser produzida em áreas de pastagens com diferentes níveis de degradação, sem a necessidade de abrir novas áreas, evitando o desmatamento. Além disso, ela se adapta a diversas áreas do país.

“O Zoneamento de Risco Climático para a macaúba traz maior segurança para os novos investimentos que estão sendo feitos, ao mesmo tempo que demanda a continuação de pesquisas para o desenvolvimento de cultivares adequadas para todo o território nacional, de forma a avançar num zoneamento com base em dados experimentais e não apenas em observações de dispersão das espécies”, analisa a pesquisadora da Embrapa Agroenergia e coordenadora do Zarc Macaúba, Simone Favaro.

No setor agroenergético, a macaúba é uma resposta para a demanda crescente por matéria-prima para a produção dos novos biocombustíveis, como o SAF e o diesel verde. Além disso, há um mercado já estabelecido de biodiesel, com a previsão legal de aumento da proporção na mistura do biocombustível no diesel de origem fóssil.

“Esse cenário de demanda por novos combustíveis renováveis, como parte da transição energética, é uma realidade também global e, portanto, o Brasil pode se tornar um importante fornecedor de produtos de valor agregado para o mercado internacional”, complementa a pesquisadora da Embrapa.

A Acelen Renováveis, empresa de energia gerida pelo Mubadala Capital, anunciou recentemente o plano de produzir combustível sustentável de aviação a partir da macaúba. O investimento previsto é de cerca de R$ 12 bilhões para instalar a biorrefinaria anexa à refinaria de Mataripe, em São Francisco do Conde, na Bahia. A expectativa da empresa é produzir 1 bilhão de litros SAF e diesel renovável por ano a partir de 2026.

De acordo com a Acelen, 200 mil hectares de áreas verdes regeneradas na Bahia e em Minas Gerais serão usados para a produção da macaúba, incluindo a utilização de agricultura familiar.

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