3º Congresso RBQAV: Brasil precisa ser protagonista na produção de SAF

Debates demonstraram a importância do país investir rapidamente na produção de combustível sustentável de aviação para não ser um mero exportador de matéria-prima

O primeiro dia de debates do 3º Congresso da Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Sustentáveis para Aviação (RBQAV), realizado em Foz do Iguaçu, no Paraná, foi marcado por discussões sobre o papel do Brasil na descarbonização do setor aéreo e como o país precisa iniciar com urgência a produção de combustível sustentável de aviação (SAF) sob o risco de se tornar um exportador de matéria-prima.

O painel de abertura debateu os principais caminhos que o Brasil precisa seguir para cumprir as metas internacionais para redução de emissões do setor aéreo. O diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Rogério Benevides, destacou que o Brasil pode se tornar um protagonista na produção de SAF, desde que os vários atores do setor trabalhem em conjunto para buscar soluções. Já o gerente de Relações Institucionais e Governamentais da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Renato Rabelo, comentou sobre a importância de incentivos financeiros e tributários para garantir um preço competitivo do SAF na comparação com o combustível fóssil.

O segundo painel trouxe discussões sobre os potenciais do mercado de SAF no Brasil. O diretor de desenvolvimento de novos negócios da Honeywell, André Defaveri, falou da urgência de iniciar a produção de SAF para que o Brasil também se torne exportador do produto e também de tecnologia. O presidente da Airbus no Brasil, Gilberto Peralta, afirmou que o mundo precisa que o Brasil produza SAF para atender a demanda global. A participação da indústria brasileira no futuro da descarbonização da aviação foi o destaque do coordenador-geral de Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), José Ricardo. O diretor superintendente da União Brasileira do Biodiesel e do Bioquerosene (Ubrabio) cobrou que o Brasil não perca a oportunidade, rapidamente, de se tornar um produtor de SAF. 

No último painel da manhã, o financiamento e as iniciativas e mecanismos de incentivos foram os temas principais. O coordenador-geral de Tecnologias Setoriais do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Rafael Menezes, destacou o aumento de recursos para projetos de transição energética do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). O assessor técnico da Superintendência de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), José Carlos Tigre, falou sobre os programas da agência relacionados ao SAF. O gerente regional Sul da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Bruno Camargo, explicou sobre as chamadas de financiamento relacionadas à aviação sustentável e biocombustíveis. Por fim, o gerente do Centro de Tecnologias de Hidrogênio do Parque Tecnológico Itaipu (PTI), apresentou detalhes sobre a planta experimental de hidrogênio da instituição.

Na primeira sessão da tarde, o foco foi o potencial brasileiro na produção de biomassa para SAF. O chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroenergia, Bruno Laviola, apontou que a demanda por óleos vegetais no Brasil e no mundo vem aumentando para a produção de biocombustíveis. A representante da Crown Iron Works, Priscila Costa, lembrou da importância do pré-tratamento das matérias-primas dentro do processo para produção de SAF. Já o diretor superintendente da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), Julio Minelli, citou o biodiesel como exemplo para o caminho a ser percorrido pelo SAF no país.

No painel sobre certificação e Book & Claim para SAF no Brasil, o pró-reitor de Inovação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fabricio Campos, chamou a atenção para a importância da academia na contribuição dos projetos de transição energética da aviação no país. diretora de Desenvolvimento de Negócios e Inovações da Roundtable on Sustainable Biomaterials (RSB), Carolina Grassi, explicou a importância do mecanismo de Book & Claim para o cumprimento de metas do setor. Por sua vez, o diretor do Centro de Controle de Operações (CCO) e Engenharia da Gol Linhas Aéreas, Eduardo Calderon, contou a experiência da companhia aérea com o Book & Claim.

No último painel do dia, foram debatidas as rotas tecnológicas, qualidade e certificação de combustíveis sustentáveis de aviação. O analista de Engenharia de Processos PL do Geo bio gas&carbon, Giovanni Fiori Tini, contou sobre o potencial do biogás como matéria-prima para a produção de SAF. O coordenador do grupo de pesquisa do Laboratório de Intensificação de Processos e Catálise (LIPCAT-UFRJ), João Monnerat, se debruçou sobre os desafios da rota HEFA (ácidos graxos e ésteres hidroprocessados) e a importância dela para a aviação. O gerente técnico da Innospec, Rodrigo Freitas, falou sobre os desafios de mudar a matriz fóssil para fontes renováveis. Por fim, o gerente técnico da Boeing Research & Technology (BR&T) Brasil, José Fregnani, apresentou as pesquisas da fabricante para escalar o SAF no mundo.

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