Voo Limpo Operação Como o planejamento e a operação de um voo podem reduzir emissões

Como o planejamento e a operação de um voo podem reduzir emissões

Ferramentas que otimizam rotas usando dados meteorológicos em tempo real e fornecem melhores velocidades de subida economizam combustível e diminuem impacto ambiental

Soluções tecnológicas auxiliam na redução do consumo de combustível. Foto: Denver International Airport

Há muitas variáveis que interferem no desempenho dos aviões, tais como meteorologia, tráfego aéreo, rotas e a pilotagem em si. E esses fatores têm consequências diretas no consumo de combustível, hoje quase 100% ainda de origem fóssil, e, consequentemente, na emissão de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Por isso, quando colocados sob uma perspectiva de melhoria da performance das aeronaves, podem ter impactos positivos na descarbonização do setor aéreo.

Mesmo com os compromissos assumidos pela indústria aeronáutica de zerar as emissões líquidas de carbono até 2050, não significa que as companhias aéreas, pelo menos por enquanto, busquem ferramentas para esse fim. Trata-se de uma consequência. Consumir menos combustível significa menos custos, especialmente porque o querosene de aviação representa o principal gasto das aéreas. De quebra, porém, também reduzem-se as emissões.

A melhoria na performance de um voo passa prioritariamente por duas frentes: planejamento de voo em solo e operação da aeronave no ar. A primeira fica sob responsabilidade das equipes de despacho, que geram os planos de voos e fornecem diversos dados às tripulações. Já a segunda depende dos pilotos e, claro, da tecnologia para tirar o máximo da aeronave em termos de desempenho.

“Um bom planejamento de voo é primordial para alcançar formas de reduzir o consumo de combustível nas aeronaves. E para isso, é preciso também entender os desafios gerados pelas questões climáticas”, diz o head de Estratégias e Transformação de Negócios da SITA, Carlos Kaduoka.

Economia de combustível com dados de meteorologia

A meteorologia é um fator que se destaca no planejamento de voo. Mais do que apenas buscar rotas para fugir de condições adversas, como chuvas, os despachantes de voos utilizam ferramentas que otimizam as rotas levando-se em conta a situação atual do tempo. Como a meteorologia é dinâmica, os pilotos também precisam de informações em tempo real para seguir em rotas otimizadas.

Um bom planejamento de voo é primordial para alcançar formas de reduzir o consumo de combustível nas aeronaves.”

Carlos Kaduoka, head de Estratégias e Transformação de Negócios da SITA.

No caso da SITA, empresa especializada em soluções tecnológicas para o setor da aviação, duas ferramentas cumprem essas questões. O eWAS Dispatch combina informações de mais de uma fonte meteorológica, permitindo às equipes tomarem decisões mais assertivas. Há também o Mission Watch, que exibe em 4D e em tempo real as mudanças que ocorrem nos céus, já levando em conta a posição atual das aeronaves e o planejamento de combustível para o destino.

“Essa visibilidade traz maior eficiência operacional, resiliência climática e segurança, incluindo redução de emissões de carbono e economia no consumo de combustível”, explica Kaduoka. Ele acrescenta que essas ferramentas permitem melhor estratégia operacional e segurança de voo antes e durante todo o trajeto. “Vale ressaltar que eventos climáticos severos geralmente custam caro para as companhias aéreas, ao considerar o custo dos impactos na malha e operacionais, realocação de passageiros e assim por diante”, completa.

No Brasil, a Azul fechou em 2022 uma parceria com a SITA para usar a solução eWAS Dispatch e ampliou a parceria recentemente. A estimativa é de que a economia anual chegue a US$ 600 mil somente evitando questões meteorológicas adversas. O cálculo é de que a companhia aérea economize 153 toneladas de combustível e reduza 488 toneladas de CO2 por ano.

Solução eWAS Dispatch da SITA
Solução eWAS Dispatch da SITA. Foto: Divulgação/SITA

Velocidade de subida otimizada para redução de emissões

A meteorologia tem um peso significativo no planejamento dos voos, mas a própria operação da aeronave também interfere na redução do consumo de combustível. Um perfil de subida adequado, com a velocidade otimizada para aquela rota específica, tem impactos diretos na queima. De acordo com a SITA, o consumo pode ser reduzido em até 5% com o uso das ferramentas corretas. Reduzindo a queima de combustível, reduz-se também as emissões de CO2.

A empresa tem uma solução chamada OptiClimb, que faz parte do OptiFlight. Nela, algoritmos de machine learning fornecem recomendações personalizadas de velocidade de subida. Se todas as companhias aéreas do mundo utilizassem essa tecnologia, a SITA estima que cerca de 5,6 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono seriam evitadas por ano. Em uma frota de 20 aviões, a SITA calcula uma economia anual de 1,6 mil toneladas de combustível, 5 mil toneladas de CO2 e aproximadamente US$ 1 milhão com combustível de origem fóssil.

“A tecnologia da SITA aproveita ainda os dados históricos de voo para prever o consumo de combustível em diferentes cenários e recomenda os perfis de subida mais aprimorados, aliados a uma interface amigável para os pilotos”, comenta Carlos Kaduoka.

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